De manhã, decorreu com grande animação o Mini-Torneio Infantil “Um chuto para o futuro”, numa aguerrida competição entre equipas formadas por alunos da Escola Básica do Sítio / Agrupamento de Escolas da Nazaré. As claques não faltaram com os seus gritos e coreografias de apoio. E, no final, a equipa vencedora levou a Taça (oferecida pela TutiTaças) e os jogadores que ficaram em 2º lugar levaram ao peito as respectivas medalhas. Todos receberam um Diploma de participação e, certamente, levaram para a escola “memórias” de uma manhã marcada pelo desportivismo saudável. Esta iniciativa inseriu-se na dinamização da exposição “Nazarenos: um chuto do passado”, inaugurada na Noite dos Museus, e contou com a colaboração dos alunos do curso “Técnico de Organização de Eventos” da Escola Profissional da Nazaré.
À tarde, o Dia Internacional dos Museus prosseguiu no Centro Cultural da Nazaré, com a sessão inaugural da “Exposição de Fotografia. Avellar Soeiro”, onde esteve presente a viúva do autor, que partilhou com os presentes o modo como o fotógrafo “adorava a Nazaré” e, sobretudo as suas pessoas e a sua luz.
Pelas 15 horas, no átrio da Biblioteca Municipal, os alunos da Universidade Sénior da Nazaré fizeram as honras de abertura da exposição dos seus trabalhos, intitulada “Memórias da minha rua”, numa parceria entre o Museu Dr. Joaquim Manso e aquela instituição. Distribuídos pelas disciplinas de Pintura, Cerâmica, Artes Decorativas, Português, Francês, Conhecimento para a Vida, Informática e Clube de Fotografia, cerca de uma centena de trabalhos revela as memórias sobre as ruas de infância ou chama a nossa atenção para os seus pormenores mais estéticos.
São trabalhos de grande interesse que, de uma forma mais elaborada, criativa ou ingénua, documentam o papel identitário e referenciador do traçado das ruas nazarenas.
“Maria da Nazaré”, como é comummente conhecida, leu dois dos seus poemas – “Pedras” e “A minha rua”, onde lembra as casas, os odores ou as brincadeiras da rua onde passou a sua meninice.
Este foi o mote para uma tertúlia sobre “A fotografia na memória da Nazaré”, dinamizada por Francisco Feio, Vítor Estrelinha e Hugo Trindade.
Francisco Feio, fotógrafo e formador no Instituto Português de Fotografia, levantou interessantes questões sobre a função memorial da imagem fotográfica, desde a sua génese ao digital. A democratização da fotografia tornou cada um de nós em autores e, em certa medida, retirou o carácter aurático da mesma; mas, pela sua capacidade de registo do real e de reprodução inesgotável, facilitou a divulgação de espaços e a criação de uma memória sobre os mesmos (e sobre nós próprios e as nossas famílias).
Hugo Trindade, artista plástico nazareno, considerou que a fotografia é sobretudo um meio de partilha e de aproximação entre as pessoas, entendimento que o levou a organizar o Clube de Fotografia da Universidade Sénior da Nazaré.
Vítor Estrelinha, fotógrafo da Câmara Municipal da Nazaré, reconhece que a sua actividade determina o registo da época actual para o futuro e, por isso, em parte, é responsável pela memória que dela se está a produzir. Assim, entende que a Nazaré não pode continuar a viver só da “memória visual” dos anos 1950, mas que a fotografia deve também estar atenta à “nova” Nazaré.
Estas e outras questões, onde não se esqueceu a missão dos museus e arquivos na selecção, tratamento, inventário, conservação e divulgação da fotografia, encerraram uma sessão cuja mensagem final convidou a comunidade – cada um de nós – a partilhar os seus conhecimentos e as suas memórias sobre as fotografias / objecto à guarda nos museus porque, só assim, elas poderão assumir por completo a sua utilidade documental, para além de pressupostos indicadores estéticos ou artísticos.
Este ano, o Dia Internacional dos Museus versou sobre “Museus e Memória. Os objectos contam a vossa história”. Agradecemos a todos que passaram este dia no Museu da Nazaré e deram fundamento a este tema!