"Caricaturas de outras gentes. Coleção do Dr. Joaquim Manso"

Já abriu a exposição "Caricaturas de outras gentes. Coleção do Dr. Joaquim Manso", na Galeria Municipal Paul Girol.

A mostra pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 9h30-13h00 e das 14h00 às 18h00. Aos sábados das 15h00 às 18h00.

Até 5 de março, passe por lá... Vai ver que vale a pena!





Dia dos Namorados | Um poema da Nazaré

14 de fevereiro | Dia dos Namorados



"COMO EU TE AMO

Se escuto os sons concertados,
Dos sinos da Pederneira,
Sinto a doçura da vida
N’uma lembrança fagueira.


Se escuto a brisa do norte
Por cima dos meus telhados,
Não sei o que então recordo
Tranquillos são meus cuidados.


Se escuto a canção dolente,
Que desprende o marinheiro,
Ao rijo açoite dos ventos,
No seu baixel tão veleiro;


E os doces balidos, ternos,
Dos cordeiritos n’aldeia,
Sinto inspirar-me a ventura,
-Amor! – meu peito incendeia!


Mas, nem os sinos das torres;
Nem ventos a sibilar;
Nem canções de marinheiros;
Nem cordeiros a pastar,
M’inspiraram tanta doçura
Como a luz do teu olhar!"


Nazareth, 1886
Epiphanio de Figueiredo e Sousa, in “Brizas da Nazareth”, 1899.


© Imagem: Postal “Idílio Nazareno em Trajes Regionais. Nazaré – Portugal. Nº24”. Edição da Agência Vieira – Nazaré – Foto J. Vieira. Museu Dr. Joaquim Manso inv. 905 BPI

Terminando mais um Carnaval...

© Imagem: Álvaro Laborinho (1879-1970), "Grupo de Carnaval", Nazaré, 1907 (3 horas). MDJM inv. 925 Fot.(pormenor)


"O CARNAVAL É UMA TENTATIVA ATREVIDA PARA DESCOBRIR A ALEGRIA" (Joaquim Manso, 1937).

Estando mesmo a terminar o Carnaval, com o "Enterro do Santo Entrudo" na praia, colaboramos na despedida com "pensamentos" do nosso patrono, o escritor Joaquim Manso.
 Alertam-nos para a reflexão moral subjacente a este período de folia, antecedente da introspeção do período tradicional da Quaresma, com início na chamada "Quarta-Feira de Cinzas".

"O Carnaval só tem este inconveniente - chega tarde para os que não sabem rir e cedo para os que ainda não aprenderam" (In "Malícia sem maldade", 1937, p.103).

"Quando os povos começam a criticar a maneira de se divertirem, sentido-se incapazes de folgar até à farsa e ao entremez, mofando, escarnecendo, durante três dias absurdos, da gravidade e da prudência dum ano inteiro, necessitam mudar de ares ou recorrer à hidroterapia" (In "Malícia sem maldade", 1937, p.106).

 

DIZERES DA NAZARÉ e o Monte de São Brás



Subida ao Monte de S. Brás, lado Oeste. Carnaval 1979. MDJM inv. L43-4-1


DIZERES DA NAZARÉ | mês de fevereiro

“Qu'a terra lhe seja lev cmò Monte de San Brás!” [Que a terra lhe seja leve como o Monte de São Brás!] - Expressão empregue em relação a uma pessoa morta que foi “má” em vida.

O Monte de São Brás, também conhecido como Monte de São Bartolomeu, está localizado na Nazaré, entre a Pederneira e os campos do Valado, erguendo-se afilado e verdejante, entre o pinhal circundante. É um verdadeiro monumento natural, envolto em lendas e mitos. 


Início do São Brás. Carnaval da Nazaré, 1979


No dia 3 de fevereiro, Dia de São Brás, a ele afluem os foliões da Nazaré, dando início oficial ao Carnaval. Restaurantes, lojas e escolas fecham mais cedo e, no sopé do monte, acendem-se fogueiras, assam-se chouriços e fazem-se piqueniques, comem-se “passarolas” (colares de maçã seca) e, “ensaiados” (mascarados), após a apresentação dos Reis de Carnaval, termina-se a tarde a dançar ao som das marchas, tocadas por uma banda local. 




Festa de S. Brás. Venda de Passarolas. Carnaval 1979. MDJM inv. L42-5-5

Aos músicos e mascarados, juntam-se vendedores e curiosos, que transformam o Monte de São Brás num espaço predominantemente de diversão pagã.

Os mais corajosos atrevem-se a subir ao cimo do monte. Mas o esforço é bem recompensado... uma vista deslumbrante sobre a Nazaré e uma paisagem que se estende até ao mar! Junto à pequena ermida com a invocação do Santo, é tempo de relembrar as lendas sobre aqueles que aí viveram, como o misterioso ermitão Manuel Luís e, antes dele, em 711, D. Rodrigo, o último rei dos visigodos que traria trazido a milagrosa imagem de Nossa Senhora da Nazaré para esta região. 



Conheça esta e outras expressões da Nazaré na publicação de Armando Sales Macatrão, “Expressões da Nazareth”, 1ª ed., 1988.

Exposição "Caricaturas de outras gentes. Coleção do Dr. Joaquim Manso"

Armando Boaventura. MDJM inv. 54 des.


O Museu apresenta "Caricaturas de outras gentes. Coleção do Dr. Joaquim Manso", na Galeria Municipal Paul Girol, na Nazaré

Entre 13 de fevereiro e 5 de março, “Caricaturas de outras gentes” é o tema da exposição apresentada pelo Museu Dr. Joaquim Manso na Galeria Municipal Paul Girol. As caricaturas, do acervo do Museu, faziam parte da coleção de Joaquim Manso (1878-1956), representando este jornalista e outras figuras da vida pública dos inícios do século XX.

Estão presentes artistas como Francisco Valença, Amarelhe, Armando Boaventura, Teixeira Cabral, Canelas e os estrangeiros Kelen Genf e Maribona, que, sobretudo a traço preto, destacam de forma bem-humorada ou crítica algumas personagens do círculo político e intelectual da época. Várias privavam de perto com Joaquim Manso e as suas caricaturas destinavam-se certamente à imprensa, nomeadamente ao “Diário de Lisboa”, de que Joaquim Manso (+ informação aqui) foi fundador e diretor durante 35 anos.

Género artístico que, em Portugal, vinha ganhando relevo desde o final do século XIX, com a ação do prodigioso e multifacetado Rafael Bordalo Pinheiro, a caricatura encontrou na imprensa um espaço público mais visível, que hoje a torna, a par da sua apreciação estética, numa fonte de significado sociológico ou num instrumento de descodificação da realidade histórico-político da época.

Nas primeiras décadas do século XX, a caricatura e a visão humorista ocuparam um lugar de relevo também entre os artistas modernistas que procuravam romper com a linguagem oitocentista, entre os quais encontramos alguns dos artistas aqui patentes, como Amarelhe e Francisco Valença.

Do conjunto apresentado nesta exposição, sobressai a caricatura individualizada, centrada no exagero das particularidades físicas do rosto. Algumas, acompanhadas por anotações escritas, apontam a denúncia ou o comentário satírico da vida nacional.

O período da sua produção – anos 1920 e 1930 – é também interessante para a história da caricatura portuguesa, num momento de charneira, marcado, a nível internacional, pelo período entre-Guerras e, no país, pelo fim da I República e o início da Ditadura e o que esta significou em termos de orientação editorial e da liberdade de expressão na imprensa e na cultura em geral.

Notabilizando-se como escritor, ensaísta e jornalista, Joaquim Manso passava as férias nesta vila piscatória, no edifício que vem a ser doado ao Estado em 1968, para aí se instalar o Museu da Nazaré, inaugurado em 1976.

Nesta exposição, é apresentada pela primeira vez parte da coleção de caricaturas do jornalista, doadas ao Museu em 1977, pelo filho Eng. Pedro Manso Lefèvre.

Ligação ao portal do Município da Nazaré.


Galeria Municipal Paul Girol

Rua Grupo Desportivo “Os Nazarenos”
2450-291 Nazaré
segunda-feira a sexta-feira
9h30 às 13h | 14h às 18h
sábado | 15h às 18h