Doação do Espólio de Humberto Sousinha Macatrão

Entre 28 abril e 13 maio, no Centro Cultural da Nazaré, estará patente uma exposição bibliográfico-documental de apresentação do espólio de Humberto Sousinha Macatrão (1916-1998), numa organização conjunta do Museu Dr. Joaquim Manso e da Câmara Municipal da Nazaré.

Natural do Sítio da Nazaré, Humberto Sousinha Macatrão repartiu a sua vida entre esta vila piscatória e o Bombarral, onde trabalhou largos anos na Tipografia Judícibus, com acesso privilegiado à informação e ao contacto com artistas e escritores. Figura culta, amante da leitura, da investigação e do saber, nunca deixou de manter ligação com a Nazaré, recolhendo todas as suas edições e seleccionando dos jornais as notícias referentes à sua terra natal. Entre volumes e periódicos vai também reunindo uma biblioteca considerável, a qual organiza tematicamente por áreas de arqueologia, antropologia, história universal e regional, arte, literatura, organização do trabalho, entre outras.
Uma parte deste qualificado fundo bibliográfico e documental foi doada recentemente ao Museu Dr. Joaquim Manso e outra parte à Câmara Municipal da Nazaré, garantindo-se a salvaguarda e consulta pública do trabalho criterioso de um homem que dedicou a sua vida ao livro e ao conhecimento, (in)voluntariamente documentando a memória da região ao longo do século XX.


No dia 28 de abril, pelas 16 horas, decorrerá uma sessão pública de apresentação desses dois núcleos documentais e biográficos, com a presença de familiares.

Ler mais sobre esta exposição no portal do Município da Nazaré.

Em destaque: "Avental de Festa"

Na Nazaré, por altura da Páscoa, sempre foi com orgulho que se vestiu o “traje de festa”, justificando em tempos a realização de um “concurso de traje e de foquim”.

Como peça muito importante do traje feminino, emprestando-lhe cor e riqueza, para esta época as mulheres reservavam os seus melhores aventais, que exibiam com certa vaidade, muitas vezes bordados à mão pelas próprias, como o avental que destacamos como "Objecto do Mês", que ficou em segundo lugar num concurso em 1937.

Cada vez mais substituído por um trabalho à máquina, ainda é vulgar encontrar a mulher ostentando um “avental de festa” durante a Páscoa, quando a Nazaré se enche de jogos tradicionais, animação na rua e turistas.


Ler mais em Objecto do Mês.

Sessão de Arqueologia no Museu












Na tarde de 31 de março, teve lugar no Museu Dr. Joaquim Manso a sessão "Novas formas de divulgação da Arqueologia", com a colaboração do "Portugal Romano".

Filomena Barata e Miguel Rosenstok apresentaram o projecto "Portugal Romano", que nasceu no final de 2010 da vontade de divulgar informação sobre a presença romana no actual território português e de articular o saber científico sobre vestígios e estações arqueológicas, considerado muito disperso. Salientaram o rigor colocado na informação disponibilizada, mas sempre numa preocupação com o objectivo da mais ampla divulgação, mesmo junto de novos públicos, não necessariamente especializados na área. Esta iniciativa, que conta ainda com o trabalho de Raul Lousada (que não pode estar presente no evento), socorre-se essencialmente das ferramentas electrónicas e da internet, com presença constantemente actualizada no Facebook e no respectivo site (http://www.portugalromano.com/), onde estão igualmente disponíveis as revistas editadas pela organização, com uma periodicidade bimestral.
Na Nazaré, foi apresentada o número 1, com artigos incidindo nesta área geográfica ou em temática relacionada com o mar, e onde não falta o destaque a peças do período romano existentes no Museu Dr. Joaquim Manso.


Carlos Fidalgo, investigador nazareno na área do património, apresentou uma comunicação sobre as condições favoráveis à presença romana em torno das primitivas lagoas (lagunas) da Pederneira e Alfeizerão, identificando vários achados arqueológicos (alguns incluídos no acervo deste Museu) que, de alguma maneira, estabelecem uma cartografia e lançam pistas de investigação sobre possíveis articulações comerciais à época.

Finalmente, Adriano Monteiro trouxe as suas considerações sobre a origem da Igreja de S. Gião, iniciando pela lenda de S. Julião e a presença deste santo em zonas portuárias portuguesas. Chamou a atenção para a provável origem romana deste templo considerado visigótico, demonstrando graficamente a sobreposição de elementos decorativos e arquitectónicos.

Ler mais em Portugal Romano.