Colabore na exposição "Nazaré Praia de Banhos"

Desde finais do século XIX, quando a “moda de ir a banhos” começa a ser divulgada entre os comportamentos sociais da elite e da população portuguesa em geral, a Praia da Nazaré surge como estância balnear muito procurada, o que se traduziu em movimentos demográficos muito característicos e impôs na população local práticas económicas muito particulares.
Esta vertente turística da Nazaré determinou o seu crescimento urbanístico, a construção de edifícios esteticamente apelativos e a criação de estruturas de apoio e de animação.
Ainda hoje, para além da “Nazaré piscatória”, este aspecto é parte essencial da economia regional.

No âmbito das comemorações do Dia Internacional dos Museus (18 de Maio), o Museu pretende organizar uma exposição sobre a "Nazaré - Praia de Banhos", que represente um período temporal entre finais do século XIX e os anos 1960.

A exposição assumirá um carácter sobretudo documental e fotográfico, a partir do acervo do Museu e do levantamento junto da comunidade, procurando-se complementar com a apresentação de alguns objectos.

Convidamos toda a população a colaborar nesta iniciativa, através do empréstimo de fotografias, filmes, fatos-de-banho e outros objectos relacionados com os hábitos balneares. As suas memórias, os seus comentários são igualmente importantes e permitirão reconstituir uma imagem da Nazaré que ainda hoje continua a atrair anualmente tantos "banhistas" e veraneantes, nacionais e estrangeiros.
Procure nos baús, recorde com os amigos e familiares... e não deixe de nos contactar!

Apresentação da obra "De uma família de mareantes"

A Confraria de N.ª Sr.ª da Nazaré, através do seu Arquivo Histórico, irá realizar no dia 24 de Abril, às 15h, no Salão Nobre do Santuário de Nossa Senhora da Nazaré, no Sítio (Nazaré), uma sessão de apresentação da obra “De uma família de mareantes”, do Dr. João Afonso Machado, com prefácio do Dr. Pedro Penteado.
Trata-se de um livro de história social que traça o percurso de uma das mais importantes famílias do antigo concelho da Pederneira que, nos séculos XVII e XIX, esteve intimamente ligada à Real Casa de Nossa Senhora da Nazaré. O seu membro mais ilustre foi o Bispo de Coimbra, Fr. Joaquim de Nossa Senhora da Nazareth (1776-1851).
Para a sua elaboração, o autor recorreu a fontes documentais provenientes de vários arquivos do país, entre os quais o da Confraria de N.ª Sr.ª da Nazaré.
A apresentação da obra estará a cargo do Dr. Pedro Penteado.

O Museu Dr. Joaquim Manso associa-se à divulgação desta edição, em cuja capa figura a reprodução de uma gravura do seu espólio.

Alunos de Organização de Eventos da EPN vão colaborar com o Museu

Os alunos do primeiro ano do Curso de Organização de Eventos da Escola Profissional da Nazaré visitaram o Museu Dr. Joaquim Manso no dia 25 de Março.

A visita inseriu-se numa proposta de colaboração para a exposição "Nazaré Praia de Banhos", a inaugurar no dia 18 de Maio, no âmbito do Dia Internacional dos Museus.

Saiba mais no blog da Escola Profissional da Nazaré.

27 Março: Conferência “A herança nazarena”

No dia 27 de Março, a Liga dos Amigos da Nazaré (LAN) promove a conferência “A herança nazarena: ao encontro dos patrimónios”, no auditório da Biblioteca Municipal da Nazaré.

A organização dos conteúdos temáticos tem subjacente uma lógica de “materialização” do património, já que se parte da apresentação de conceitos e exemplos do “Património imaterial e artístico”, passando pela questão do “Património marítimo”, que reúne elementos de essência imaterial e material, para finalizar com a temática do “Património arquitectónico”, que será o corpo metafórico desta materialização.
Os objectivos desta iniciativa passam pela identificação e formas de valorização dos patrimónios da Nazaré, procurando envolver a população, de modo a que os cidadãos possam assumir de modo informado e consciente um papel activo na salvaguarda dos bens que constituem a identidade nazarena.
A lógica de continuidade que subjaz a esta iniciativa torna imperativa a participação das gerações mais novas. Por esse motivo, foi intenção da LAN envolver individualidades e associações que de alguma forma podem contribuir para assegurar a dinamização de iniciativas futuras de cariz idêntico. Assim, assume-se que esta conferência deverá ser entendida como um ponto de partida para outras da mesma natureza.

Consulte o programa da conferência "A herança nazarena" (pdf).

O Museu Dr. Joaquim Manso associa-se a esta iniciativa da LAN, com uma comunicação no painel “Marítimo” e colaboração na produção de uma pequena exposição evocativa da herança artística na Nazaré.


As inscrições devem ser efectuadas pelo e-mail: liganazare@gmail.com
(A entrada é gratuita mas limitada ao número de lugares disponíveis.)

Localização: Auditório da Biblioteca Municipal da Nazaré
Morada: Av. Grupo Desportivo “Os Nazarenos”, 2450-291 Nazaré
Parcerias: Câmara Municipal da Nazaré, Jornal Região da Nazaré, Restaurante Adega Oceano
Colaboração: anazArt – Associação Nazarena de Artes Plásticas, Unimos – Associação Tecnológica, Museu Dr. Joaquim Manso

Universidade Sénior da Nazaré visita Museu



No dia 12 de Março, alunos da Universidade Sénior da Nazaré visitaram o Museu Dr. Joaquim Manso, no âmbito do projecto “Conversas de Algibeira”, que teve início no dia 8 com a tertúlia “Nazaré no Feminino”, no Auditório da Biblioteca Municipal da Nazaré.

Este projecto, desenvolvido em parceria entre o Museu Dr. Joaquim Manso e a Universidade Sénior da Nazaré, convida à realização de trabalhos inspirados na tradicional “algibeira” do traje feminino nazareno, através da interpretação artística ou escrita, prevendo-se uma exposição no final do ano lectivo.

A visita foi muito participada por todos os alunos, que tiveram a oportunidade de explicar os seus conhecimentos sobre o uso e confecção da algibeira (ver Objecto do Mês de Março), assim como partilhar as memórias relacionadas com os demais objectos expostos no Museu, nomeadamente o traje tradicional da Nazaré.

Este é, sem dúvida, um meio do Museu estreitar a sua relação com a comunidade local, integrando-a enquanto agente activo na produção de conhecimentos e “saberes” sobre as suas colecções.



Tertúlia "Nazaré no Feminino" promoveu debate muito participado



Reflectir sobre o papel da mulher da (na) Nazaré e implicar os próprios agentes (entenda-se comunidade) nessa reflexão, foram os objectivos da tertúlia “Nazaré no feminino”, que decorreu no dia 8 de Março, no Auditório da Biblioteca Municipal da Nazaré, em colaboração com a Universidade Sénior da Nazaré.

Muito se tem discorrido sobre a importância da mulher nesta comunidade piscatória, a ponto de alguns autores a considerarem matriarcal, ou, segundo uma interpretação mais científica, matrifocal – “tipo de organização familiar em que a mulher assume o papel de chefe de família” (Trindade, 2009: 84).

Neste evento, a projecção de várias fotografias e textos literários elencavam as funções tradicionalmente atribuídas à mulher da Nazaré (e, por norma, a todo um litoral piscatório). A “mulher-mãe”, a “menina-mulher”, a “mulher modelo de beleza”, a “mulher sofredora”, a “mulher da fé e superstição”, a “mulher da conversa e exuberância”, a “mulher administradora do lar” (que chama a si a gestão da economia familiar e todas as tarefas relacionadas com o pescado, desde a sua chegada à praia), …
Terá sido o escritor Raul Brandão quem muito contribuiu, na literatura, para a exaltação do poder feminino na comunidade nazarena, nas suas páginas d' Os Pescadores (1923). Para o autor, “a mulher da Nazaré é a alma desta terra. (…) Da praia para cima só elas põem e dispõem”. Este louvor, à mulher que trabalha, infatigável, define-se por oposição ao homem que, chegado a terra, se entregava a uma vida de taberna.

No entanto, é legítimo discutir se esta distinção por género se restringe à Nazaré ou se foi comum a todo um litoral piscatório; se este entendimento foi alterado nas últimas décadas perante as transformações do próprio universo piscatório e da ocupação económica do tecido social nazareno; se a função de “governar a casa” era um “poder feminino adquirido” ou se não passava de uma “autoridade consentida” no binómio social homem / mulher, correlativo a mar / terra.
Para o antropólogo José Maria Trindade (2009: 87), a importância da mulher da Nazaré na vida social e familiar e a sua exuberância de atitude, vestuário e linguagem, contrastam, de facto, com a postura do pescador em terra, mais discreta. O interessante estudo promovido por Chistine Escallier (1999: 306), por sua vez, concluía que “as mulheres governam, mas são os homens que têm o poder”.


De acordo com a tradicional percepção de uma divisão sexual do trabalho – “pesca de homem / peixe de mulher” (Amorim, 2005: 659), a omnipresença das mulheres nazarenas nas actividades terrestres da economia de pesca foi, na verdade, fundamental durante muito tempo. Todas as fases da cadeia técnica, de desembarque do produto até ao consumo, passando pela sua transformação e comercialização, eram feitas pelas mulheres.
O trabalho executado na praia, o desempenho reprodutivo e a tomada de decisões / gerir os bens gizam o “perfil da mulher da praia, que a coloca como o principal agente de organização do trabalho” (Amorim, 2005: 671). A mulher era “determinante na sobrevivência familiar”.
A construção do Porto de Abrigo (1985), a modernização das pescas e a mudança sócio-económica dos últimos 30 anos, que transformou a Nazaré numa estância essencialmente turística e de serviços, mais do que piscatória, resultou no distanciamento das mulheres de um processo tradicionalmente seu. A mulher da Nazaré volta-se, então, para o turismo e para os serviços, teve a oportunidade de estudar e de seguir as suas carreiras profissionais.
Apesar destas transformações, as mulheres permanecem como elemento centralizador da família (Escallier, 2004: 24).

“Temos de ser nós mulheres a mudar o que ainda não mudou” na igualdade entre os géneros. Esta foi a mensagem deixada pela socióloga Maria Toscano, docente no Instituto Superior Miguel Torga, em Coimbra. A 8 de Março de 2010, cem anos do Dia Internacional da Mulher e permanece a questão: o que valeu a pena? O que ainda não foi feito?
Advém a conclusão de que a igualdade de oportunidades entre os géneros exige uma mudança da própria mulher enquanto educadora. Aceitando a diferença entre homem e mulher, que é incontestável!!, deve-se reconhecer que esta não impõe desigualdades. Apesar destas permanecerem graças ao contributo da própria mulher quando transmite e conserva determinados modelos de conduta. Com efeito, a relação da “mulher-esposa” com o elemento masculino da família não deixa de ser assumir como a continuidade da função “mulher-mãe”, daquela que cuida, que trata…
Segundo a socióloga, na Nazaré do século XXI, a modernidade é incontornável, mas tem de se encaixar na tradição. E para falar sobre a tradição do “ser mulher da Nazaré” foram convidadas, pela organização, as nazarenas Lurdes Petinga Almeida e Júlia Salvador.





Nascida nos anos 1960, professora de História, de “alunos que já não fazem ideia de como viviam os seus pais”, Lurdes Petinga começou por relembrar a sua própria história de vida, que não podia ser contada sem falar das mulheres da sua infância, umas “lutadoras”. Filha de pai pescador e mãe peixeira, cresceu entre a gente da Praia. Para si, a mãe, e sobretudo a avó, são uma referência. Mas, cedo percebeu que a lida do peixe e o trabalho doméstico “não eram para ela”. Sabia que “queria fazer outras coisas na vida” e, incentivada por outra mulher – uma professora, conseguiu vencer barreiras e prosseguir os estudos numa altura em que poucas o faziam.
Hoje, como professora, não deixa de fazer sentir às suas jovens alunas que devem saber muito bem o que querem para si; que devem saber aproveitar a oportunidade de estudar, dificilmente acessível na geração dos seus avós. Por outro lado, com orgulho pela sua herança familiar, admite que naturalmente reproduz o modelo em que foi educada.

Júlia Salvador é representante de uma geração anterior e, ao contrário de Lurdes Petinga, os seus estudos ficaram pela 4ª classe. Desde os 11 anos, teve de ajudar a mãe “na vida do peixe”. Aos 14 anos, já ia sozinha para Caldas da Rainha vender o peixe com outras mulheres. “Ia ao estendal”, salgava peixe para aguentar o Inverno, ia “vender fora de corrida” e ainda fazia o trabalho doméstico. O pai tinha uma arte xávega; trabalhava sobretudo no Verão, pelo que era pouco o seu sustento. A mãe, sempre muito poupada, ensinou-lhe que o importante era amealhar, fazer o enxoval e “casar bem”. Começou a aprender a costura, mas a esperança de ser costureira foi abandonada perante a dificuldade de a conciliar com a lida do peixe.
O “grande desgosto por não ter estudado” levou-a a garantir os estudos aos seus três filhos. Assim como Lurdes Petinga, estes beneficiaram da democratização da escola no pós-25 de Abril, embora as raparigas continuassem a ser apontadas pelo facto de prosseguirem os seus estudos.
Se se viam com dificuldades? “Não, porque não havia mais nada”. Com uma vida marcada por árduos momentos, Júlia Salvador reconheceu que deve à mãe a força que lhe permitiu aguentar as dificuldades. Foi ela a “grande mestra”.

Um debate muito participado demonstrou a identificação da plateia com as experiências destas mulheres e, sobretudo, revelou que, hoje, à Nazaré, interessa a discussão das problemáticas sociais contemporâneas, como a ausência da figura maternal em casa, a gravidez na adolescência, as “meninas que querem ser mulheres”, a educação sexual nas escolas, a exploração da imagem corporal da mulher e outros desafios que se colocam à mulher e à sociedade em geral.

A tertúlia “Nazaré no Feminino” inseriu-se no projecto Conversas de Algibeira, uma parceria entre o Museu Dr. Joaquim Manso e a Universidade Sénior da Nazaré, que envolverá várias disciplinas na realização de trabalhos inspirados na tradicional “algibeira” nazarena, “Objecto do Mês” de Março, exposto no Museu. Culminará numa exposição conjunta, no final do ano lectivo.


Contou com a colaboração da Biblioteca Municipal da Nazaré / Câmara Municipal da Nazaré (consulte a notícia no portal da CMN) e com o patrocínio do Grupo Miramar / Hotel Miramar Sul.



Poemas de Maria da Nazaré e de Laura Caetaninha, recitados na abertura e encerramento da tertúlia.
Painéis da exposição “Nazaré no Feminino” (pdf)


Referências bibliográficas citadas:
Christine Escallier (1999), “O papel das mulheres da Nazaré na economia haliêutica”, Etnográfica, Vol. III (2), pp. 293-308.
Idem (2004), “Activités et stratégies de survie dans une communauté de pêcheurs: le rôle de la femme dans l’économie touristique (Nazaré – Portugal)“, Arte e Ciência, 2.
Inês Amorim (2005), “Mulheres no sector das pescas na viragem do século XIX – formas de participação na organização do trabalho”, Arquipélago. História, 2ª série, IX, pp. 657-680.
José Maria Trindade (2009), A Nazaré dos pescadores. Identidade e transformação de uma comunidade marítima, Edições Colibri / IPL.

José Soares (2002), “Nazaré matriarcal. Um equívoco”, Os Mitos da Lagoa”, Nazaré, pp. 81- 94.

Tertúlia “Nazaré no Feminino”



No próximo dia 8 de Março, o Museu Dr. Joaquim Manso irá promover a tertúlia “Nazaré no Feminino”, no âmbito das comemorações do Dia Internacional da Mulher e da dinamização do seu “Objecto do Mês”, em Março dedicado à “algibeira”, acessória do traje tradicional feminino.

Proporcionando a reflexão sobre o papel da mulher na comunidade piscatória da Nazaré, este evento será também um convite para os presentes apresentarem os seus testemunhos pessoais a partir da visualização de fotografias da colecção do Museu Dr. Joaquim Manso. Na mesa, a moderação contará com duas nazarenas de diferentes gerações e a socióloga Maria Toscano, docente no Instituto Miguel Torga, em Coimbra.

A tertúlia “Nazaré no Feminino” insere-se no projecto “Conversas de Algibeira”, uma parceria entre o Museu Dr. Joaquim Manso e a Universidade Sénior da Nazaré, que envolverá várias disciplinas na realização de trabalhos inspirados na tradicional “algibeira” nazarena. Culminará numa exposição conjunta, no final do ano lectivo.

Colaboração: Biblioteca Municipal da Nazaré e Universidade Sénior da Nazaré

Patrocínio: Grupo Miramar / Hotel Miramar Sul
Calendarização: 8 Março, 15h30
Local: Auditório da Biblioteca Municipal da Nazaré