3 dezembro | Dia Internacional da Pessoa com Deficiência


TODOS AO MUSEU
3 a 5 de dezembro 2014

Assinalando o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, que se comemora a 3 de dezembro, o Museu Dr. Joaquim Manso propõe duas atividades que visam sensibilizar, por um lado, os jovens para a inclusão e, por outro, tornar o Museu cada vez mais acessível e adaptado a “todos” os públicos. Assim, terão lugar as seguintes iniciativas:

“Com o tacto também se vê. Barcos e artes de pesca”
Visita personalizada à exposição, centrada nas embarcações tradicionais da Nazaré e artes de pesca, seguindo-se uma oficina pedagógica de realização da miniatura de um barco de arte xávega. Em parceria com a CERCINA – Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Crianças Inadaptadas.

“Pintura às cegas”
Sendo os museus muito baseados numa abordagem visual de objetos, esta atividade convida à exploração da coleção do Museu, com recurso a outros sentidos que não o da visão.
Com os olhos vendados, os participantes são convidados a explorar uma peça do Museu através do tacto e, posteriormente, a ouvir uma áudio-descrição da mesma. Depois, sem vendas mas na ausência do objeto, representá-lo-ão através do desenho. No final, os trabalhos realizados serão comparados com a obra original e, em grupo, são partilhadas as dificuldades e diferenças quantos aos meios da sua exploração e interpretação.

Através da iniciativa “TODOS AO MUSEU”, o Museu Dr. Joaquim Manso pretende demonstrar a vontade de se adaptar a “todos” os públicos e de assumir a importância de se tornar inclusivo.

3 a 5 dezembro
Inscrição prévia | Telef. 262562801 |mjmanso@drcc.pt
Nº máximo de participantes: 15
Público-alvo: 6 aos 10 anos

Contatos:
Museu Dr. Joaquim Manso | Direção Regional de Cultura do Centro
Rua D. Fuas Roupinho
2540-065 Sítio | NAZARÉ
telef. 262 562 801
e-mail: mjmanso@drcc.pt



Tertúlia “Pescando na Praia do Norte. O Corrimão” | 14 novembro 2014



No dia 14 de novembro, integrada nas comemorações do Dia Nacional do Mar, estivemos à conversa sobre a pesca na Praia do Norte e a pesca tradicional com o Corrimão, desenvolvida há muito por parte da comunidade da Nazaré.

A “pesca do corrimão” é uma pesca apeada, feita na praia, apenas favorável quando o mar se encontra agitado, daí ser realizada sobretudo no inverno. Consiste em largar, ao longo do areal, uma linha com múltiplos anzóis, que é arrastada para o largo com a força da rebentação.

Foi uma animada e participativa tertúlia, onde se lembraram com nostalgia os tempos dos "pescadores de barrete" que viam no corrimão a sobrevivência aos penosos dias de inverno, quando não podiam ir ao mar nas suas frágeis embarcações. Tinha que "estar mar" e, depois de horas a trabalhar com o corrimão "como se fosse um acordeão" (António Petinga), pé descalço areia acima para vender o peixe até São Pedro de Moel.

Anos volvidos, o "corrimão" deixou de ser uma arte de pesca reconhecida pela legislação em vigor; e entre o desinteresse dos jovens, o receio pelas pesadas multas e as novas atrações do surf na Praia do Norte,... esta tornou-se numa prática em desaparecimento, à semelhança de tantos outros processos tradicionais de pescar, que sucumbem perante as novas diretivas e tecnologias.

Mas, na sequência de diligências que se vêm tomando nos últimos anos, e conforme conclusão retirada desta tertúlia, pretende-se a sua legalização, atendendo a vários fatores:

- é uma pesca seletiva, pouco expressiva em termos de impacto junto das espécies piscícolas (sobretudo o robalo), sendo o peixe apanhado já graúdo;
- contribui para a limpeza do areal;
- serve sobretudo de ocupação e sustento complementar a pescadores e marítimos reformados, assim se preservando igualmente a identidade cultural da Nazaré e da região no sector das pescas.

Estas e outras questões foram debatidas e analisadas por:

- Lourenço Gorricha (Comandante da Capitania do Porto da Nazaré);
- Carla Maurício (CapMar – Câmara Municipal da Nazaré);
- António Peixe (Professor “Ciências do Mar” na Universidade Sénior da Nazaré);
- Eugénio Couto (mentor de iniciativas para reconhecimento do corrimão)
- pescador António Petinga e Cremilde Barros, a única mulher a pescar ("ao corrico", ou seja, com cana) na Praia do Norte.

Contámos também com a presença de alunos da disciplina de "Ciências do Mar" da Universidade Sénior da Nazaré / Câmara Municipal da Nazaré. 




Esta iniciativa inseriu-se na exposição "Praia do Norte. Com as ondas também se pesca", patente no Museu Dr. Joaquim Manso entre 14 de novembro e 5 de janeiro de 2015 (ler + aqui).

Evocando todos os antigos "corrimoeiros", transcrevemos um excerto de "O Corrimoeiro", do poeta e escritor nazareno José Soares:

"Apertou o ritmo das passadas, atalhando caminho. Um barulho abafado e contínuo veio aos seus ouvidos numa lufada de maresia.
- É capaz de estar mar... Mas à borda é que se vê.
Passou além da Muralha. Atravessou caminho por entre estevas e outra vegetação rasteira. Agora já distinguia o ruído surdo daquele mar comprido, aquela zoada hipnótica do cair pesado e sucessivo das ondas, dominando os espaços da noite.
- Tá mar e não há-de ser pouco. Mas não hei-de poder trabalhar?! A isca é fresca e o aparelho é valente. (...)
A conversar consigo, passou as areias brancas. Parou. Lançou a vista pela escuridão até ao mar. Tudo era espuma até onde os seus olhos noctívagos podiam alcançar. Era demais. Como foi possível que toda a pouca sorte do mundo se juntasse para o destruir? (...)
Lá vinha, de regresso, mais triste do que zangado com a má fortuna, subindo as areias do caminho, a dialogar consigo, a meia voz, para espalhar a solidão, como sempre fazia quando andava ao corrimão. (...)"

Exposição "Praia do Norte. Com as ondas também se pesca"





PRAIA DO NORTE. COM AS ONDAS TAMBÉM SE PESCA
14 novembro de 2014 a 5 de janeiro de 2015

Inaugurando no âmbito das Comemorações do Dia Nacional do Mar (16 novembro), o Museu Dr. Joaquim Manso apresenta uma exposição sobre as técnicas da pesca tradicional na Praia do Norte, nesta altura do ano tão concorrida pelos amantes do Surf.

Fascinando recentemente o mundo inteiro pela “descoberta” das suas grandes ondas, a Praia do Norte é desde há muito conhecida pelos pescadores da Nazaré, que desafiam e exploram a força do mar, suas ondas e marés.

No seu tempo livre, aqui vêm pescar com canas (“roleto”) e o “corrimão”, adoptando também processos como o “corrico”, “aparelho de estacar” e “pescar ao fundo”.

Com a colaboração de pescadores, a exposição aborda as tradições e oralidades em torno desta pesca individual e de subsistência, que garantia a sobrevivência das famílias nazarenas durante o rigor do inverno.



“Para o corrimão é importante haver ondas”. “Tem qu 'tar o mar ruim (…) senão o corrimão não anda, fica ali na borda d'água”.

Na Nazaré, terra de contrastes, sobressaem também diferenças entre as chamadas “Praia” e a “Praia do Norte”. A primeira, a sul do “Farol”, é balnear e turística; a do Norte, mais selvagem e conhecida pelas suas ondas alterosas, convida à prática do Surf.

Mas, as “ondas grandes” são também propícias à pesca. Pelo areal da Praia do Norte, espalham-se marítimos reformados e amadores, desde o “Farol” e Forno d'Orca até à Légua e S. Pedro de Moel.

No seu tempo livre, utilizam as canas de pesca (“roleto”) e o “corrimão”, adoptando também processos de pesca afins – os denominados “corrico”, “aparelho de estacar” e “pescar ao fundo”.

Esta pesca individual destina-se à economia familiar e tem larga tradição na Nazaré. Já em tempos antigos, para sobreviverem no inverno, os nazarenos iam ao corrimão “para apanharem peixe para comer”.

Não reconhecida pela legislação atual devido ao número elevado de anzóis, têm sido dinamizadas ações para a legalização da “pesca do corrimão”, apontada como uma pesca seletiva, que contribui para a limpeza do mar e da praia.

Também as lanchas, com redes de emalhar (“majoeira”), procuram a zona da Praia do Norte para a captura de robalos, sargos, ruivos,...



In Nazaré, land of contrasts, differences also stand out between the "Beach" and the "North Beach."
The first one, southern of the "Lighthouse", is mostly tourist and bathing.
The North Beach is wilder and known for its big waves, calling for surfing. But the "big waves" are also favorable to fishery.
Here, in their free time, fishing lovers and retired fishermen come to fish with rods and traditional devices (as “corrimão”).
This lonely fishing is only for family economy. Already in ancient times, in order to survive the winter, the fishermen used to fish with the “corrimão” to have something to eat.
Actions for its legalization have been streamlined.






14 novembro | Tertúlia "Pescando na Praia do Norte. O Corrimão"



Tertúlia “Pescando na Praia do Norte. O Corrimão”
14 novembro, 15 horas

Integrada nas Comemorações do Dia Nacional do Mar, o Museu Dr. Joaquim Manso – Museu da Nazaré organiza uma tertúlia sobre a prática e técnicas da pesca tradicional na Praia do Norte, nesta altura do ano tão concorrida pelos amantes do Surf.


Fascinando recentemente o mundo inteiro pela “descoberta” das suas grandes ondas, a Praia do Norte é desde há muito conhecida pelos pescadores da Nazaré,
que desafiam a força do mar e os segredos dos seus fundos.
A “pesca do corrimão”, aqui praticada, será o tema de conversa, com a presença de pescadores e de várias entidades e especialistas: Lourenço Gorricha (Comandante da Capitania do Porto da Nazaré); Carla Maurício (CapMar – Câmara Municipal da Nazaré); António Peixe (Professor “Ciências do Mar” na Universidade Sénior da Nazaré); Eugénio Couto; António Petinga e Cremilde Barros.


Colaboração: Universidade Sénior da Nazaré / Câmara Municipal da Nazaré.
Entrada livre.

Esta iniciativa insere-se no programa comemorativo do Dia Nacional do Mar e na dinamização da exposição “Praia do Norte. Com as ondas também se pesca”, que estará patente no Museu Dr. Joaquim Manso – Museu da Nazaré entre 14 de novembro de 2014 e 5 de janeiro 2015, resultante de entrevistas realizadas pelo Museu sobre a pesca com o “corrimão” e do “corrico” na Praia do Norte.

No domingo, 16 de novembro (Dia Nacional do Mar), o Museu Dr. Joaquim Manso propõe a oficina pedagógica “Estórias do Mardestinada aos mais novos. Em sombras chinesas, vamos descobrir a longa história do mar e segredos que nele estão guardados. Depois, vamos desenhar e construir um “flipbook”, um pequeno livro onde as imagens parecem estar em movimento: um barco que navega nas ondas, uma gaivota que voa ao vento, uma onda que se aproxima do farol, … Esta atividade requer marcação prévia no valor de 1 euro (até dia 14 de novembro).