Exposição "Memória Colectiva Nazarena" na BMN





O Museu Dr. Joaquim Manso colabora na exposição "Memória Colectiva Nazarena", organizada pela Biblioteca Municipal da Nazaré para comemorar o seu 3º aniversário, através do empréstimo de fotografias que registam algumas das figuras populares que integram a memória desta vila, como o "Inverno", a "Tacoa", entre outras. 


Ler mais Memória Colectiva Nazarena.
Calendarização: 19 Novembro a 11 Dezembro
Local: Biblioteca Municipal da Nazaré

De peixe seco e outras conversas…


















Francelina Quinzico, de 55 anos, e Idaliza da Maralha, de 72 anos, naturais da Nazaré, estiveram no Museu Dr. Joaquim Manso à conversa sobre a “seca do peixe”.

A primeira, filha de mãe “cabazeira” e pai pescador, nasceu no seio de uma família numerosa, quando as crianças eram criadas na praia. Por isso, desde sempre, conheceu o que era a “seca do peixe”, embora a ela só se tenha dedicado a tempo inteiro a partir dos 20 anos. Desde então, faça sol ou chuva, calor ou frio, sem férias nem fins-de-semana, todos os dias vai à lota comprar peixe, para amanhar, escalar e estender nos paneiros da Praia.

A sua imagem corre mundo nas fotografias dos turistas que diariamente param junto do “estendal”, mas é ainda do consumo nacional que mais garante o seu sustento, vendendo o peixe seco nos vários mercados da região. As mudanças foram muitas, desde o tempo de infância; as regras de higiene e os hábitos alimentares alteraram-se, mas basicamente o processo de secagem do peixe mantém-se. “E seca-se tudo o que aparecer!”

Também Idaliza da Maralha, de mãe peixeira e pai dono de redes de arte xávega, começou nova a secar peixe, nos intervalos do trabalho na Fábrica de Conservas do “Algarve Exportador”. Nessa altura ainda não se usavam os paneiros, cuja inclinação e rede permitem uma mais rápida secagem; o areal da praia era então totalmente coberto por juncos onde se estendia o peixe. A sua fotografia consta do álbum “Nazaré” (1958), de Artur Pastor para quem se lembra de posar a troco de alguns escudos.

Por fim, depois de explicarem os vários processos, de identificarem os tipos de peixe, o local e os suportes tradicionais e actuais, foi altura de falar sobre como se come o “peixe seco” ou o “carapau enjoado”, que hoje já não se restringem à alimentação doméstica, mas entraram nos restaurantes e hotéis regionais, incluídos em sugestões mais elaboradas.

Neste Dia Nacional do Mar, cuja relevância abrange as práticas gastronómicas e económicas tradicionais, o Museu Dr. Joaquim Manso manifesta o seu reconhecimento à vintena de mulheres (e homens) que perdura estes saberes na Praia da Nazaré, fundamentando a sua continuidade pelo seu real valor económico e social, muito para além de uma opção turística.

Prestamos os nossos agradecimentos à D.ª Francelina e à D.ª Idaliza pela partilha das suas memórias e testemunhos; à Escola Profissional da Nazaré, pela simpática e interessada presença dos alunos do 2º Ano do Curso de Restauração; à Câmara Municipal da Nazaré pela colaboração no transporte e divulgação; a todos os restantes participantes que, no Museu Dr. Joaquim Manso, contribuíram para uma animada tarde cultural, em que se ouviu falar de "saberes" e "sabores" do mar, no Dia Nacional do Mar.

Saberes de Mar - 16 de Novembro






















A 16 de Novembro comemora-se o Dia Nacional do Mar.
Neste dia, pelas 15 horas, o Museu Dr. Joaquim Manso promove “Saberes de Mar”, uma conversa de saberes e sabores em torno da “seca do peixe”.

Embora o processo se tenha modernizado ao longo do tempo, esta actividade económica ainda se pratica na Nazaré em formas tradicionais, num trabalho essencialmente feminino.
Da seca no "paneiro" às sugestões populares da sua confecção, tentando hoje impor-se no meio das iguarias gourmet, o “peixe seco” é essência da gastronomia nazarena e marca o quotidiano das peixeiras que continuam, no areal, os “saberes” transmitidos pelas suas mães e avós. 
Entre elas, Francelina Quinzico e Idaliza da Maralha estarão à conversa no Museu, para explicar o que tem sido uma vida passada no “estindarte”, dedicada à secagem do peixe. 

Horário: 16 de Novembro, 15 horas
Local: Museu Dr. Joaquim Manso
Entrada gratuita